sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Trajetórias

Em primeiro momento quero agradecer a todos, por fazerem parte desta casa de oração, e consequentemente de formarmos juntos uma família, onde podemos aprender uns com os outros, nos fortalecendo nos laços de amizade, amor, compreensão e união.
Antes de falar sobre o tema que o Sr Marabo me fez no sábado quero dividir com vocês meus sentimentos, minhas dúvidas, anseios e esperanças quanto a casinha, contando-lhes como fui parar lá:
Nasci em uma casa, nos fundos de uma marcenaria, próximo a rua Nossa Senhora Mãe dos Homens, chorava 24 horas por dia, porém não havia nada de errado comigo, tinha uma boa saúde e meu desenvolvimento era normal, realizei todos os exames existentes e nada justificava o choro, dormia apenas minutos. Em frente a minha casa havia uma igreja chamada Avivamento Bíblico, em uma noite de culto, um dos pastores ali presente atravessou a rua, foi até minha casa, me pegou no colo e foi até a igreja, ao entrar, todos ali presentes se levantaram em oração e a partir daquela noite nunca mais chorei, entretanto me lembro apenas de episódios que ficaram incutidos em mim: Um deles é a presença de um índio, que me acompanha desde os 3 anos de idade, e morria de medo, quando ele estava por perto eu nem me mexia. Algumas pessoas percebiam que eu era acuada, e achavam que minha mãe era muito brava, entretanto eu não falava a ninguém o que eu via, e fui crescendo.
Dos 3 aos 7 anos nunca toquei no assunto com minha família, e das pessoas que passaram pela minha vida e se foram, só me recordo do dia de suas mortes, onde outras entidades vinham buscá-las, (naquela época se velavam os mortos em casa). e eu via e sentia, e moriaaaaaaaaaaaa de medo.....
Aos sete anos mudei de casa, e fui morar em uma casa muito grande, onde o meu quarto era o último da casa, para eu chegar ao banheiro dava uns 20 metros de distância, e o índio continuava ali, e nessa época resolvi falar pra minha mãe, pois quando ia ao banheiro não tinha coragem de retornar ao meu quarto, porém, ela não acreditou, e tentou me provar que ele não estava ali.
Dos 7 aos 15 anos eu não dormia à noite, eu comprava ou emprestava vários livros e passava a noite toda lendo, só ia deitar quando as cinco da manhã meu pai levantava pra ir trabalhar e eu deitava ao lado de minha mãe e dormia até as 9. Ou quando o cansaço era intenso me deitava as sete horas para que eu pudesse dormir com a luz acessa.
E assim foi até que passei a trabalhar em uma loja de construção, e os fenômenos foram aumentando, pois passei a ouvir conselhos do que eu deveria fazer ou não, (eu pensava que eram meus pensamentos, mas eu interagia com eles, e em todos os casos eu obedecia aos conselhos, que evitou muitas coisas ruins de acontecerem).
Todas essas sensações começaram a me “prejudicar”, comecei a me afastar das pessoas, a me isolar, pois em alguns momentos eu via, em outros eu sentia as entidades que estavam com elas, e na maioria das vezes eram horríveis e me sentia mal, algumas vezes até com ânsia, definitivamente me arrasavam.
Meu primeiro contato com o espiritismo foi em 92 quando um dos proprietários da loja em que eu trabalhava percebeu o que estava acontecendo, quando entrou um casal na loja e eu desapareci só retornando quando eles foram embora, nesse dia ele me chamou, disse que aquilo não poderia acontecer e me deu um galho de arruda, alguns meses depois sonhei com ele se despedindo de mim e me mostrou uma igreja, e um símbolo, no dia seguinte quando cheguei ao trabalho me avisaram de sua morte. Foi uma pessoa que me marcou muito.
E o assunto ficou por isso mesmo, em 94 me casei e meu marido tinha uma amiga do candomblé, que eu não me sentia bem ao seu lado, embora não via as entidades que a acompanhavam, suava muito frio, tinha tontura e ânsia ao seu lado, então ela me disse que era devido as entidades que a acompanhava que não combinavam com as minhas, como eu morria de medo, resolvi não questionar os porquês, e fui levando a vida...Alguns anos depois me divorciei, pois ouvia, via e sentia muitas coisas a respeito de meu marido e não consegui o equilíbrio necessário para agir com inteligência. Eu me precipitei em algo que eu não sabia se era de minha cabeça ou não, passei por períodos de depressão, ansiedade, nervosismo, melancolia, tristeza e profunda, pois as vozes não saiam da minha cabeça. E acabei com um casamento que até hoje não sabemos o motivo...embora o ano retrasado um senhor me falou que era coisa feita, que eu sabia e me questionou o fato de eu não ter tomado nenhuma atitude...na época eu não tinha idéia do que fazer....
Há 7 anos mudei meu percurso de ônibus e ao subir a av. Suplicy encontrei a igreja de meu sonho e passei a trabalhar atrás dela, onde há 3 anos conheci uma pessoa que foi muito importante em minha vida, ela estava passando por um período difícil e achei que ia ajudá-la embora tenha ocorrido o contrario, quem me ajudou foi ela, ao me mostrar o quão eu era orgulhosa, insensível, egoísta, etc...ao não querer dividir meus pensamentos, minhas duvidas, meus sentimentos e ser ajudada quando necessário, e passamos a conversar muito, onde aos poucos fui colocando pra fora todos meus medos e receios, que acredito ter sido a fase mais difícil, pois nunca admiti fraquejar, muito menos demonstrar sensibilidade, medo, enfim os defeitos de um ser humano normal...
E minha mediunidade nessa época aflorou novamente de uma forma mais física, onde eu ficava realmente ruim, comecei a sentir várias coisas, e ela me socorria. Passei a além de ouvir, ver, sentir, passei a desdobrar, e como tínhamos uma certa sintonia, ela me trazia de volta a terra....isso perdurou até o dia em que cedi a um convite de ir até uma festa de Preto Velho, que foi muito engraçado pois fiz ela escrever um manual de como entrar, o que fazer, falar etc...
Após essa festa, aceitei outro convite e fui visitar a casa em que ela trabalha, todas as vezes que lá ia, o som do atabaque me deixava em “transe”, minha mente se apagava. Isso eu não sei o porquê acontecia, mas eu permaneci na assistência por alguns meses, e novamente para ajudar alguém, fui com uma amiga a um outro centro, onde a pessoa trabalha só, e ele me disse que esta casa estava somente sugando minhas energias, e impedindo meu progresso espiritual, passei antão a não mais freqüentar, ia apenas uma vez por mês a este senhor tomar um passe, entretanto voltava frustrada todos as vezes, pois não ia por mim, eu queria algo mais, então lhe questionei a respeito da vontade que eu tinha em freqüentar um local onde eu pudesse aprender a lidar com tudo isso, num primeiro momento ele jogou um balde de água fria, me dizendo que se eu pegasse algo ruim que não voltasse lá para ele tirar, mas ao final do trabalho me desejou boa sorte e disse que eu iria gostar.
Na semana seguinte, estava eu no novo centro, e justo na gira de esquerda (kkkkkkkk) ao ser atendida seu Exu Veludo foi bem objetivo e me disse que uma hora eu não iria agüentar mais, que eu deveria escolher um “chão” e que ali as portas estavam abertas.
Na semana seguinte marquei um horário com o Sr Osvaldo e ao conversarmos ele me disse que não era hora ainda de eu trabalhar em uma gira pois meus guias estavam bagunçados e eu deveria primeiro ser cuidada, conhecer melhor a casa, para depois participar das giras, e assim foi por mais alguns meses, eu ia as quartas e sábados e sentia muitas vezes algo que eu não sabia explicar, entretanto fui adquirindo equilíbrio, aprendendo a neutralizar as energias, não levando pra casa e principalmente o auto conhecimento, aprendi a não absorver as energias a minha volta, embora nem sempre consigo, mas mesmo assim sempre pintava ao final de cada gira um certo desânimo, uma certa frustração, era como se faltasse algo...foi quando conheci o Marco, e fui fazer uma visita a casa. Em primeiro momento senti muita diferença, achei que não iria ficar, pois tenho paixão pelo atabaque, a energia é diferente, mais forte, entretanto não é o tamanho das pessoas, da casa, ou o luxo que ela mostra e sim as pessoas que ali estão. E o que me fez ficar foi o carinho com que todos me receberam, o respeito as diferenças, a igualdade entre todos, o ato de doar ser querer nada em troca, enfim o infinito amor que vi ao redor, associado a imagem de Cristo de braços abertos, que demonstra em seu infinito amor, de que não importa como você seja, esteja ou é, que vai fazer a diferença e sim o que você busca melhorar em si próprio e graças a todos esses episódios e todas as pessoas que fizeram a diferença em minha vida que estou aqui hoje, me melhorando, evoluindo, aprendendo e o mais importante que apesar de toda essa graça que Deus está permitindo, através de tudo isso poder ajudar o próximo, através de algo tão lindo que é o amor.....
Escrevi tudo isso com o objetivo de disser o quão importante são todos vocês! Que Oxalá os abençoe sempre, e que a união, a compreensão entre as diferenças, o amor e a fé estejam sempre presentes no coração de cada um.

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